Dicas para conservar os alimentos

Conservar os alimentos é uma atitude inteligente, uma vez que evita despesas supérfluas e também porque atualmente, no mundo, um em cada oito habitantes passa fome. Em uma população que já supera os 7,2 bilhões de pessoas, 800 milhões não têm o que comer exatamente neste momento. Mas, como evitar o desperdício? Isto é possível, com a prática de algumas dicas simples.

Nas questões que envolvem a produção e a distribuição dos alimentos, os consumidores finais não têm muito que fazer. De acordo com o World Resources Institute Brasil, são desperdiçadas 41 mil toneladas de alimentos todos os anos.

De qualquer forma, nem tudo é perdido por problemas na plantação e colheita, no transporte por estradas esburacadas ou em função de condições climáticas, como enchentes e secas prolongadas. No Brasil, cultiva-se o costume da mesa farta e é bastante comum que as compras de gêneros alimentícios seja superior à capacidade de consumo.

Portanto, a primeira dica para conservar os alimentos é adquirir apenas aquilo que poderá efetivamente ser preparado e consumido. Uma boa sugestão é não ir ao supermercado antes das principais refeições, não fazer compras por impulso (especialmente aquelas feitas na fila de espera do caixa) e deixar as crianças em casa.

As dicas

A banana é uma das frutas mais apreciadas pelos brasileiros e, como as diferentes variedades estão sempre expostas em mercados e feiras livres, elas estão sempre presentes nas fruteiras e geladeiras. Mas é preciso tomar alguns cuidados para conservar a fruta.

A banana é uma fruta versátil, que pode ser transportada na bolsa ou mochila para um lanche rápido no meio da manhã ou da tarde. No entanto, é preciso tomar cuidado com o ponto de maturação: quando as pintas pretas das cascas ocupam metade da fruta, a solução é fazer vitaminas; de outra forma, o destino do restante do cacho será a lata de lixo.

Para garantir maior vida útil, logo ao chegar com as bananas em casa, embale a coroa da penca (os cabinhos das extremidades) em papel filme. Além de durarem mais tempo, com esta dica, você evita a proliferação de moscas na cozinha.

A razão é muito simples: a banana exala naturalmente gás etileno, que controla o amadurecimento (inclusive de frutas que estejam próximas) e o surgimento das pintas. Boa parte deste gás é expelido pelo caule, acelerando a maturação, conferindo mau aspecto e atraindo as moscas.

Quem se lembra da casa das avós, em que os mamões eram embalados em folhas de jornal e guardados em ambientes escuros para demorarem mais no amadurecimento? O procedimento é idêntico ao sugerido para as bananas. Quem quiser acelerar o procedimento de um mamão, para uma vitamina ou salada de frutas, deve fazer o contrário: abrir sulcos na casca da fruta e deixá-la em ambiente claro e arejado, mas sem exposição direta ao Sol.

Os freezers

Quando os primeiros congeladores rápidos chegaram ao mercado brasileiro, surgiu a moda do congelamento dos alimentos. O cardápio da semana era preparado de uma só vez e acondicionado em recipientes adequados, em porções individuais para consumo no dia a dia.

Pouca gente se lembra, no entanto, que os vegetais (inclusive as ervas aromáticas) também podem ser congelados, prolongando consideravelmente o prazo de validade. Confira uma relação básica:

• alho, cebola, cebolinha e salsinha – devem ser lavados, secos e picados. Acondicionados em sacos hermeticamente fechados, duram até um mês;

• manjericão e sálvia – devem ser lavados, escaldados, resfriados e bem acondicionados. O prazo também é de um mês;

• beterraba, cenoura, pimentão, couve, vagem, brócolis e espinafre – lavados, costados, escaldados e bem acondicionados, ficam próprios para consumo por até seis meses. A couve-de-bruxelas e a vagem-torta não podem ser congeladas;

• tomate – só precisa ser lavado. Também pode ficar até seis meses no congelador;

• feijão – deve ser cozido e congelado com caldo. O tempero só deve ser acrescentado no momento do consumo, que também pode ser adiado por seis meses.

Na hora de embalar os vegetais para congelamento, lembre-se de manter apenas porções para o preparo de determinado prato. Uma vez que saiam do freezer, não há mais condições de congelamento. O ar contido nos sacos plásticos e nos potes específicos deve ser retirado ao máximo. Todos os ingredientes devem estar isolados, para não contaminar os demais com aromas e sabores indesejados.

Os temperos – além da dupla alho e cebola, também o manjericão, sálvia, orégano, alecrim, endro, etc. – devem ser adquiridos frescos, lavados, picados e muito bem secos: o excesso de água pode causar má aparência na hora do preparo. Para o consumo semanal, eles podem ser picados, acondicionados em formas de gelo com água ou azeite.

As frutas

Congelar polpa de frutas é uma boa opção para evitar as visitas frequentes a feiras livres e sacolões. Alguns exemplos que podem ser congelados: laranja, maracujá, melancia, melão, morango e maçã. A banana congelada fica muito pastosa e, por isto, não se presta a vitaminas, mas pode entrar no preparo de outros pratos, como sorvetes, bolos e tortas. Bem acondicionados, podem ser armazenados por até seis meses.

O preparo da fruta no congelamento começa na escolha: os frutos devem estar com bom aspecto, mas alguns “machucados” na pele ou casca não impedem que eles sejam consumidos: basta retirar as porções que mostrem sinais de deterioração ou pareçam infectados.

Lave as frutas, retire sementes e cascas e triture em um liquidificador, centrífuga ou processador. Os cítricos devem ser processados com lâminas de plástico, para reduzir a oxidação da vitamina C. Embale em sacos plásticos apropriados, sempre mantendo a medida necessária para o preparo de um copo, um litro, uma jarra king size para o almoço de domingo.

Para um consumo em curto prazo (uma semana, por exemplo), a fruta pode ser acondicionada em formas de gelo, que devem ser preenchidas somente até a metade, porque a polpa aumenta de volume quando se congela. A forma não pode ficar próximo a carnes e peixes, uma vez que os aromas irão contaminar os cubos.

Batatas e maçãs

As maçãs não devem ser mantidas sob refrigeração por mais de dois dias, porque elas retêm água e transformam-se em lixo logo depois da primeira mordida. Armazenar batatas e maçãs, no entanto, é uma boa ideia: as frutas exalam etileno (assim como as bananas), mas o gás, neste caso específico inibe que as batatas comecem a brotar.

Antes de juntar “alhos e bugalhos”, no entanto, confira a qualidade das maçãs. Os machucados na superfície, quase sempre causados por problemas no transporte, também se transformam em fontes de etileno e, da mesma forma que uma laranja ou tangerina mofada, uma fruta deteriorada estraga toda a cesta.

Pequenos amassados nas maçãs não impedem o consumo. Podem ser cortados ou simplesmente ingeridos, sem nenhum prejuízo à saúde. Da mesma forma, os primeiros brotos verdes surgidos na batata não impedem a sua utilização: eles podem ser retirados com a ponta de uma faca. Se eles se espalharem, porém, o tubérculo perderá sabor e muitos nutrientes, que estarão concentrados na multiplicação destes vegetais.

Fora da geladeira, dentro da geladeira

Os tomates devem ser acondicionados fora da geladeira, com o cabinho (em muitos casos, apenas o “umbigo” da fruta) voltados para baixo. Esta posição reduz consideravelmente o contato com o ar atmosférico e com a umidade, que normalmente penetram pelo ponto em que o tomate foi colhido.

A maturação demora mais tempo e esta é uma dica para quem gosta de saladas ou de tomates verdes fritos (excelentes ingredientes para omeletes e fritadas: a diferença entre as duas é que, nas primeiras, o recheio é colocado no centro do prato e, nas segundas, batido juntamente com os ovos).

O tomate também pode ser cozido (sem pele, nem sementes) e congelado para posterior uso em molhos para massas e risotos. Congela-se apenas a polpa cozida, sem nenhum tempero, que só deverá ser adicionado no momento do preparo das refeições.

Os limões, no entanto (e, em menor medida, as laranjas, toranjas e tangerinas) podem resistir bravamente ao apodrecimento quando guardados na geladeira. Esta dica garante maior longevidade (é bem pequena, especialmente, na região tropical), mas pode ser prolongada se eles forem guardados em recipientes individuais.

O pó de café, depois de torrado e moído, deve ser mantido no freezer, preferencialmente em ambiente escuro. Os óleos essenciais da bebida mais popular entre os brasileiros são preservados por mais tempo em locais sem luz e a baixa temperatura ajuda a preservar o aroma do produto. Mantidos em potes transparentes, o consumo não pode ultrapassar 15 dias.

Guardar o pão de forma na geladeira, no entanto, é um mito. O produto dura mais, mas perde em sabor e em textura, fatos quase sempre disfarçados por torradeiras e sanduicheiras. Os pães, especialmente os integrais ou enriquecidos, devem ser mantidos em temperatura ambiente, mas longe da exposição direta ao Sol.

Boas influências

As frutas vermelhas, de acordo com diversos estudos, são benéficas para o bom funcionamento do sistema nervoso central (SNC). Um dos efeitos positivos é ajudar a preservar a memória de longo prazo entre a população idosa, a partir dos 65 anos.

Retardar o envelhecimento, aparentemente, está associado ao consumo de morangos, cerejas, framboesas, amoras e mirtilo, frutas ricas em fibras, vitaminas A, B2 (riboflavina), B3 (niacina), B9 (ácido fólico) C e E, além de sais de cobre, ferro, magnésio, manganês, potássio e zinco.

Como conservar estes alimentos, no entanto? Eles parecem irresistíveis em qualquer ponto de venda (inclusive em tendas de camelôs), mas, ao chegar em casa, estas frutas precisam exigir consumo imediato. Mas aumentar o tempo de consumo é simples: estas frutas precisam ser retiradas das embalagens, lavadas e secas.

Depois disto, basta acondicioná-las em bandejas maiores, que impeçam o acúmulo das bagas umas sobre as outras. O contato e até mesmo a pressão de algumas frutas sobre as outras acelera o amadurecimento (mais uma vez, a liberação do gás etileno). Basta espalhá-las em uma superfície (as de metal inox são as melhores).

Mesmo assim, o consumo precisa ser rápido: uma caixinha de morangos ou cerejas se deteriora em dois dias. Framboesas e amoras, em três dias. E, caso você tenha a sorte de encontrar uma caixa de mirtilo ou de groselhas (uma impossibilidade virtual nos trópicos) precisa ser consumida, caso seja comprada na hora do almoço, no máximo do lanche da tarde.

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