O que são alimentos orgânicos?

O motivo de os alimentos orgânicos serem mais caros obedece a uma lei básica da economia: quanto menor a oferta, maior será o preço. Os alimentos orgânicos são cultivados e criados em menor escala e, por isto, custam mais. Quem pode arcar com esta despesa extra (melhor seria considerá-la como um investimento) garante benefícios para a saúde e também para a qualidade de vida.

Tecnicamente, alimentos orgânicos são aqueles obtidos com uma agropecuária tecnicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa. O sistema respeita o meio ambiente, promove o equilíbrio dos ecossistemas (inclusive a biodiversidade e o respeito à saúde das águas e do solo) e também considera questões sociais, como os direitos trabalhistas dos profissionais envolvidos na obtenção dos vegetais e das carnes (e seus derivados).

Modificados

Além disto tudo, a obtenção dos alimentos orgânicos exclui o emprego de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, drogas veterinárias, irradiações, sementes e animais transgênicos.

Os OGM (organismos geneticamente modificados), de acordo com a definição do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), são todos aqueles que tiveram modificado o seu mapa genético, para se tornarem mais resistentes a doenças, pragas, agrotóxicos, mudanças climáticas, e também para que sejam mais nutritivos e produtivos.

O primeiro alimento a ser geneticamente modificado foi o salmão, criado em fazendas marinhas do Chile. O milho, a soja, o algodão e o trigo de origem transgênica estão entre as criações agrícolas mais vendidas do mundo.

A legislação sobre alimentos orgânicos

No Brasil, a Lei de Biossegurança, que estabelece regras para a pesquisa, produção, distribuição e comercialização dos OGM, é de 2005. No entanto, os brasileiros têm pouco a comemorar. Desde a aprovação da nova lei, nenhum pedido para a produção comercial de transgênicos foi negado pelo Ministério do Meio Ambiente, atualmente comandado por Zequinha Sarney.

Em 2015, o Congresso Nacional aprovou projeto que acaba com a obrigatoriedade de afixar o símbolo de transgenia nos rótulos de organismos geneticamente modificados. O texto modifica a lei de 2005 e permite a comercialização de OGM e os seus derivados sem que esta informação conste das embalagens.

O debate colocou em oposição dos deputados da bancada ruralista e os da bancada ambiental. Estes últimos argumentaram que a nova forma da lei impede que os consumidores saibam exatamente o que estão comprando.

O anúncio, a partir das novas regras, só é obrigatória quando a presença dos OGM excede 1% da composição final. Mesmo assim, a informação só deve constar dos produtos embalados na ausência do consumidor (é o caso dos artigos industrializados) ou a granel ou in natura (embalados à vista do consumidor).

Por que preferir alimentos orgânicos?

Além de a informação sobre a presença de OGM ter sido ocultada dos consumidores – e ainda não há provas cabais de que os organismos geneticamente modificados não representem riscos efetivos à saúde –, existem vários motivos para escolher os alimentos orgânicos:

os agrotóxicos ficam longe do cardápio. Os defensivos agrícolas ou pecuários são definidos como substâncias destinadas a controlar pragas que representem danos ao meio ambiente ou aos consumidores. Eles se destinam ao combate de insetos, ácaros, moluscos, roedores, fungos, bactérias, ervas daninhas e outras formas de vida prejudiciais à vida humana e/ou animal, mas há evidências de ações cancerígenas em diversos defensivos agropecuários;

os alimentos orgânicos são mais nutritivos e saborosos. Os defensivos suprimem diversos nutrientes, especialmente com relação aos hortifrútis. Frutas e vegetais apresentam mais vitaminas e minerais. Os leites e carnes orgânicos oferecem maior teor de vitamina E. Além disto, os alimentos orgânicos são mais saborosos e nutritivos;

o “planeta água” possui mais de dois terços de água em sua superfície. Apesar disto, apenas três por cento da água são considerados potáveis. O recurso é renovável, mas as reservas são limitadas. Atualmente, a quantidade de água potável é idêntica à verificada no início da década de 1950 – e isto deverá permanecer inalterável até 2050-. As águas estão presentes em:

  • oceanos – 97,61% (1,37 milhões de quilômetros cúbicos);
  • calotas polares e geleiras – 2,1% (29 mil quilômetros cúbicos);
  • lençóis freáticos e outros depósitos de água subterrânea – 0,29% (quatro mil metros cúbicos);
  • água doce de lagos – 0,009% (125 quilômetros cúbicos);
  • água salgada de lagos e mangues – 0,008% (104 quilômetros cúbicos);
  • água de rios – 0,00009% (1,2 quilômetro cúbico).

O restante da água do planeta (0,006%) está presente em forma de vapor d’água na atmosfera e em água misturada com o solo.

Outros motivos

Ingerir alimentos orgânicos significa manter os defensivos agrícolas e os suplementos pecuários longe do prato. Muitos destes produtos são altamente cancerígenos, enquanto vários outros podem causar sérios danos à saúde dos consumidores.

Uma razão mais utilitária: os alimentos orgânicos são mais saborosos e, principalmente, mais nutritivos. Os agrotóxicos e hormônios administrados aos animais (muitos deles já proibidos por lei) reduzem o teor dos sais minerais dos legumes, verduras e frutas. Os leites orgânicos e seus derivados (queijos, iogurtes, requeijões, etc.) apresentam maior quantidade de cálcio e vitamina E.

Como se pôde ver anteriormente, a água potável é um recurso cada vez mais escasso. O emprego indiscriminado de produtos químicos – agrotóxicos, fertilizantes, medicamentos e vitaminas – contribui para promover a degradação do solo e dos mananciais hídricos – tanto as nascentes e riachos, como os lençóis subterrâneos.

Escolher alimentos orgânicos também garante a saúde das gerações futuras. Ao privilegiar produtos que agridem minimamente o meio ambiente, os consumidores colaboram para a sustentabilidade e reduzem o impacto da produção comercial de vegetais e itens de origem animal.

A agropecuária orgânica também permite o uso mais racional do solo – ao menos, do ponto de vista ambiental. Esta indústria exige a troca periódica os vegetais criados: é necessário definir um rodízio entre as culturas cultivadas. Com isto, fica garantida maior biodiversidade, uma vez que, ao lado das plantações criadas, é proporcionado o desenvolvimento de outras espécies nativas regionais.

Atualmente, a pecuária é desenvolvida a partir de conceitos de intensividade: um número maior de animais sendo desenvolvido em um território relativamente pequeno. Apesar de isto trazer vantagens, como a desnecessidade de desmatar novas áreas, esta forma de criação aumenta a emissão de gases derivados do carbono (como o metano, por exemplo). Isto reduz o aquecimento global, que responde, entre outras causas, pelo aumento da incidência de alguns tipos de câncer.

Apesar de não ser um fator considerado relevante para muitos consumidores, o bem-estar dos animais de leite e de corte é fundamental na produção dos alimentos orgânicos. A legislação brasileira já considera diversos fatores a este respeito, como a natureza do abate e as condições higiênicas dos abatedouros e frigoríficos. No entanto, a pecuária orgânica tem como pressuposto a vida animal harmônica, sem prejudicar os aspectos naturais do gado e das aves.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento oferece uma cartilha sobre alimentos orgânicos, chamada “O Olho do Consumidor” (a cartilha está replicada em diversas outras páginas eletrônicas, como www.escoladegoverno.org.br e www.organicsnet.com.br). O material pode ser conferido em www.mapa.gov.br. No mesmo site, é possível identificar a relação de produtores orgânicos cadastrados pelo MAPA.

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